Pradarias marinhas europeias mostram sinais de recuperação

Após décadas de declínio

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Um novo estudo publicado na “Nature Communications”, que conta a participação de Rui Santos, professor da UAlg e investigador do CCMAR, como autor sénior da publicação, indica que a Europa perdeu um terço das suas pradarias marinhas devido a doenças, à deterioração da qualidade da água e ao desenvolvimento costeiro, registando-se as maiores perdas nos anos 70 e 80.

Desde então, as taxas de perda têm vido a abrandar e em alguns locais as pradarias conseguiram recuperar, provavelmente devido a medidas comunitárias para melhorar a qualidade da água.

As ervas marinhas são plantas superiores (e não algas) que formam extensas pradarias em zonas costeiras. Estes ecossistemas chave suportam as pescas, desempenham um papel importante no sequestro de carbono, oferecem proteção costeira e abrigam espécies ameaçadas como os cavalos-marinhos. Neste contexto, é de salientar o projeto Mar2020 coordenado pela UAlg sobre a reprodução em cativeiro desta espécie (Hippocampus).

No novo estudo publicado na “Nature Communications” foi analisada toda a informação existente na Europa sobre a área e densidade de ervas marinhas desde 1869, perfazendo um total de 737 locais ao longo das costas de 25 países europeus.

"O nosso estudo mostra que a Europa perdeu um terço da área de ervas marinhas nos últimos 150 anos, o que significa que perdemos também os benefícios que proporcionam", explica Carmen B. de los Santos, investigadora do CCMAR e primeira autora da publicação, que incluiu investigadores de 21 instituições europeias.​​​​​​​

No entanto, após um período de intenso declínio, as ervas marinhas europeias mostram sinais de recuperação. Rui Santos destaca que “os resultados ​​​​​​​são muito encorajadores, contrariamente às tendências globais, já que as taxas de perda de ervas marinhas na Europa abrandaram no final do século XX”. Segundo o investigador, “em alguns locais, as pradarias marinhas até recuperaram e este estudo traz esperança para os esforços de conservação de ervas marinhas, pois sugere que medidas de gestão como a implementação de áreas marinhas protegidas e a redução da descarga de nutrientes pode ter resultados positivos”.

Em Portugal, as mais extensas pradarias marinhas encontram-se na Ria Formosa, Ria de Aveiro e nos estuários do Sado, Tejo e Mondego. Rui Santos explica que “as pradarias marinhas portuguesas foram fortemente impactadas nas últimas décadas”. Neste contexto, “o nosso estudo traz otimismo e apoia os esforços que as autoridades competentes estão a fazer na gestão e conservação das nossas zonas costeiras”.

Consulte o artigo científico em https://rdcu.be/bLPly (DOI 10.1038/s41467-019-11340-4)

Fotos: (© Rui Santos)

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