Plataforma Digital 'Algas na Praia' apresenta dados obtidos com a colaboração dos cidadãos
Numa primeira análise, estes dados revelam proliferações de algas na costa sul do Algarve durante todo o mês de agosto, emergindo três zonas distintas, caracterizadas por três espécies diferentes. A primeira zona, compreendida entre Lagos a Olhos de Água, apresenta proliferações da alga castanha Rugulopterix okamurae, uma espécie invasora originária dos mares da Coreia/Japão. A segunda, que se distribui entre Vilamoura e a Praia de Faro, caracteriza-se pelo aparecimento da alga vermelha Asparagopsis armata (fase esporófita), espécie invasora originária da Austrália. Por último, na terceira zona, situada entre a ilha da Armona e Vila Real de Santo António, prolifera a alga verde Ulva sp., espécie autóctone.
Segundo Rui Santos, professor da Universidade do Algarve e investigador do CCMAR, “é muito curioso verificar que não há sobreposição espacial entre as espécies, indicando diferenças ambientais entre as zonas que determinam o crescimento e acumulação de cada espécie”. Segundo o investigador, “será necessário caraterizar ambientalmente estas zonas e testar quais as condições ambientais ótimas para o crescimento de cada uma destas espécies no sentido de poder desenvolver um modelo preditivo das proliferações de algas e potencialmente poder atuar sobre as condições chave dessas proliferações”.
O registo sistemático das acumulações de algas na costa portuguesa, através da plataforma “Algas na Praia”, permitirá, no futuro, responder a várias questões: o que está na sua origem? Quais os seus impactos? Estarão estas acumulações a tornar-se mais ou menos frequentes?
Recorde-se que investigadores do Centro de Ciências do Mar (CCMAR) da Universidade do Algarve, e de várias outras universidades, encontram-se a estudar algumas destas algas. O aparecimento e acumulação excessiva destas plantas marinhas pode estar relacionado com o excesso de nutrientes resultantes da descarga de efluentes urbanos ou até mesmo da fertilização excessiva na agricultura.
O cidadão comum tem agora a oportunidade de ajudar os investigadores a identificar estas algas através da referida plataforma, algasnapraia.ualg.pt, e, assim, permitir a sua análise e monotorização.
Os investigadores defendem que a contribuição da população continua a ser fundamental na monitorização destes fenómenos, apelando, ainda, à sua continuidade durante este ano e o próximo.
Para mais informações consulte aqui a página do projeto ‘Algas na Praia’.